Mais uma abertura de pensamentos. Mais uma reflexão que nasce da minha vivência.
Hoje eu quero falar sobre como, muitas vezes, a gente não se sente à vontade em certos ambientes. E não é só desconforto. É a sensação real de que há uma competição invisível no ar.
Sabe... Eu sinto que, com o tempo, eu criei uma espécie de capa. Uma proteção onde, de forma inconsciente, eu escondo o que sei, o que aprendi, o que vivi... dependendo de quem está ao meu redor.
Dentro de tudo o que eu já estudei, aprendi muito sobre o ego. E percebi que nosso cérebro reptiliano — aquele mais primitivo — está o tempo todo tentando nos proteger. Ele é o desesperado, o medroso, aquele que vê perigo onde às vezes nem existe. E aí entra o ego, que nem todo mundo tem consciência de como funciona.
Por eu ter essa consciência, cresce em mim um senso de responsabilidade. Um cuidado constante sobre quando, como e com quem eu compartilho o que sei, o que experiencio e o que aprendi. E, sim, são coisas grandiosas, porque vieram das minhas vivências, dos meus processos, da minha história.
Mas ainda há em mim uma parte que precisa evoluir — que é justamente aprender a estar, de fato, em ambientes onde eu me sinta bem, onde meu crescimento não seja visto como ameaça, mas como inspiração.
Quando a Sua Luz é Interpretada Como Ameaça
Eu não sei se é impressão minha... mas, muitas vezes, eu percebo que algumas pessoas não estão prontas para ouvir certas coisas — principalmente de você. Não porque elas não possam ouvir sobre crescimento, sobre evolução, sobre autocuidado... mas porque, vindo de você, aquilo parece ser uma afronta. Parece ser uma comparação.
O mundo está doente em comparação. As pessoas são bombardeadas o tempo inteiro, no feed do celular, com vidas perfeitas. Pessoas magras, ricas, viajando, com corpos perfeitos, relacionamentos perfeitos... E, quando elas olham para a própria vida, vêm um vazio. E, muitas vezes, trazem essa frustração pro mundo real. Para os ambientes em que estão.
E quando encontram alguém que está crescendo, se cuidando, fazendo diferente... isso é lido, muitas vezes, como ameaça. Como se o outro estar bem significasse que ela está mal. E isso gera uma raiva silenciosa, um incômodo, uma necessidade de se defender... até quando nem há ataque.
E é aí que entra meu senso de proteção. Aquela voz interna que me diz: "Cuidado com o que você fala, cuidado com o que você mostra". E, sim, pode até ser uma historinha da mente para se proteger. Pode ser. Mas também é real que os ambientes importam. E muito.
Onde Você Está Importa — E Muito
Estar em ambientes onde o que você faz parece ser pequeno, e não algo grande demais, te ajuda a crescer. Porque ali você aprende. Você expande. Mas estar em ambientes onde você já sente que não é mais o seu lugar... te faz encolher. Te faz querer se proteger.
Eu percebo claramente: muitas vezes, eu fico em silêncio não porque não tenho nada para falar, mas porque sei que, naquele espaço, abrir a boca pode gerar desconforto. Não em mim, mas nos outros. E isso, infelizmente, é real.
É como se você estivesse num lugar onde todo mundo vai de chinelo e roupa velha, e você aparece bem arrumada. Você sabe que vai ser julgada. Vão te olhar estranho. Talvez até te ataquem.
Ou como estar num ambiente onde todo mundo faz fofoca e, quando você escolhe não fazer, as pessoas te chamam de “certinha”, “santinha”. Você não está dizendo que é melhor. Só está escolhendo não participar. Mas, ainda assim, é atacada.
E quando você leva isso para assuntos mais intelectuais, mais profundos... é a mesma coisa. Falar sobre autoconhecimento, espiritualidade, investimentos, viagens, crescimento pessoal... pode ser visto como “metida”, “intelectual demais”, “quer ser melhor que os outros”. E, na verdade, você só gosta disso. Só se interessa por isso. Isso te move.
A Vida Me Mostrou Dois Mundos
Falando da minha vida... Eu morei numa comunidade. Mas minha vida toda foi, de certa forma, cercada por pessoas de fora dela. Tive a oportunidade de morar um tempo em um bairro de classe média, e isso me deu acesso a outros mundos, outros assuntos, outros olhares.
E eu percebi claramente dois mundos muito diferentes.
No mundo da classe média, eu podia dizer que gosto de química, física, ciência... e as pessoas achavam incrível. Achavam legal. No mundo onde eu nasci, se eu dissesse isso, era motivo de deboche. Como se eu precisasse provar que realmente sabia sobre aquilo. Como se eu não tivesse o direito de só gostar do assunto.
E até hoje, eu sinto isso. Dependendo do ambiente, do tom de voz, das palavras que uso, das pessoas que estão ali... eu já começo a fazer um funil mental. A observar, perceber, entender até onde posso ir.
E o Que Eu Aprendo Com Isso?
Primeiro, que é libertador escrever isso. Colocar pra fora. E, segundo, que não dá pra lutar contra essa verdade:
Os ambientes importam, sim. A convivência importa, sim.
E não, não são todas as pessoas que te veem como ameaça. Existem, sim, pessoas abertas. Que te ouvem sem se comparar. Que te olham com admiração ou, simplesmente, que te escutam com respeito, sem necessidade de se defender.
Mas pouco se fala sobre isso. E, por trás de muita coisa, existe esse ego adoecido. Esse vício em comparação. Esse não saber olhar para o outro e permitir que ele seja como ele quiser ser.
Eu percebo isso. Eu vejo isso. E isso me faz refletir, cada vez mais, sobre a importância do respeito. Do espaço do outro. Da liberdade de ser quem a gente é.
E é isso.
Sem comentários:
Enviar um comentário